Serviço de Atendimento Permanente de Idanha-a-Nova não pode encerrar
O encerramento do Serviço de
Atendimento Permanente de Idanha-a-Nova foi uma preocupação
fortemente evidenciada por Paulo Lopes da Junta de Freguesia da
União de Freguesias de Monfortinho e Salvaterra do Extremo por
ocasião da conferência de imprensa que decorreu na sexta-feira, dia
29 de Novembro, no Hotel Fonte Santa, Termas de Monfortinho.
É uma possibilidade a que nos
opomos por considerarmos completamente inaceitável. É um ataque às
populações da União de Freguesias de Monfortinho e Salvaterra do
Extremo. É uma medida que nem a atual situação financeira do país
poderá fundamentar.
Significará um forte revés nas
condições de vida das populações que representamos e servimos.
Penalizará uma região que, infelizmente, já sofre das
vulnerabilidades inerentes aos territórios de baixa intensidade.
Agravará de forma determinante a desertificação do território e
limitará o seu potencial de desenvolvimento futuro.
É necessário que os nossos
governantes entendam toda a gravidade e alcance do eventual fecho
do SAP de Idanha-a-Nova. As consequências serão sociais e
económicas. E as populações de Monfortinho e Salvaterra do Extremo
serão, no concelho de Idanha-a-Nova, provavelmente as mais
afetadas.
Implicação imediata do encerramento
do SAP será a necessidade de, por exemplo, um habitante das Termas
de Monfortinho percorrer 125km até ao Hospital Amato Lusitano, em
Castelo Branco. Ainda que necessitado de cuidados de saúde
urgentes, esse cidadão terá de percorrer uma distância imensa para
ter acesso a cuidados básicos.
Outra implicação será o aumento do
número de residentes de Monfortinho e Salvaterra do Extremo que
optam por recorrer a serviços de saúde em Espanha. Temos
conhecimento que habitantes destas freguesias adquirem o Cartão
Europeu de Seguro de Doença, que lhes garante o mesmo acesso aos
cuidados de saúde do sector público (ou seja, um médico, uma
farmácia, um hospital ou um centro de saúde) que os espanhóis têm
direito. É uma realidade que, já por si, evidencia lacunas no
Serviço Nacional de Saúde. Lacunas, essas, que interessa combater -
não agravar. Nunca aceitaremos - nem o país poderá aceitar - que os
residentes de Monfortinho e Salvaterra do Extremo sejam encarados
como cidadãos de segunda.
Mas o fecho do SAP não trará apenas
menor qualidade de vida aos cidadãos residentes destas localidades.
Também os turistas e visitantes ficarão gravemente prejudicados.
Termas de Monfortinho é uma povoação dotada de uma oferta turística
e hoteleira de excelência, procurada por turistas de todo o mundo.
Perderia, inevitavelmente, competitividade face a outros destinos
turísticos: portugueses e estrangeiros. A oferta de serviços de
saúde é um fator determinante na afirmação de qualquer destino
turístico de qualidade. Mais ainda quando se situam no "mundo
rural", cada vez mais desprovido de serviços essenciais. As
consequências para as unidades hoteleiras aqui instaladas seriam
devastadoras. Colocar-se-ia em causa todo o esforço que tem sido
feito na afirmação do espaço rural como destino turístico de
qualidade.
Face ao exposto, tudo o que pedimos
é respeito pelas populações da União de Freguesias de Monfortinho e
Salvaterra do Extremo e por quem nos visita. Populações, essas, que
temos a honra de representar e de servir.
Também presente na conferência de
imprensa e preocupado com esta situação, o presidente da Câmara
Municipal, Armindo Jacinto, referiu que o "encerramento do Serviço
de Atendimento Permanente de Idanha-a-Nova, a somar ao possível
encerramento das Finanças e de outros serviços públicos "
contribuem para o despovoamento e desertificação desta região e não
ajudam à captação de investimento e à criação de riqueza e emprego
no concelho". "Considera ainda que estas medidas tomadas pelo
Estado, baseadas em estatísticas e números, não se regem pelo
princípio da igualdade, retirando qualidade de vida e penalizando
os idanhenses em relação aos habitantes de outras cidades ou
concelhos do país". "Esta preocupação estende-se a outros
municípios da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, que
pretende desenvolver estratégias de atuação comuns, em defesa das
melhores condições de vida para a região", acrescentou ainda
Armindo Jacinto.