Situada nos confins orientais do
concelho de Idanha-a-Nova, Salvaterra do Extremo foi
primitivamente designada como Salvaterra da Beira.
As origens da povoação remontam aos
inícios do século XIII. Em 1229 recebeu foral de D. Sancho II. A
sua primeira fortificação pode ter sido construída nessa altura,
com patrocínio ou intervenção directa dos Templários. A assinatura
do Tratado de Alcanices, em 1297, definiu a fronteira
luso-castelhana e a coroa empenhou-se num programa de restauro e
de novas fortificações para assegurar a fronteira negociada. Foi
neste contexto que Salvaterra do Extremo assumiu importância
estratégica local. Por iniciativa régia, foi construído um castelo,
de invulgar traçado circular, bem defendido por torres e munido de
forte torre de menagem
A vila cresceu extramuros, de
costas voltadas para Castela, descendo pela encosta poente da
elevação onde o castelo foi erigido.
No quadro da guerra da Restauração
(século XVII), foi dotada de uma moderna e extensa fortificação
abaluartada. O velho castelo medieval foi parcialmente mantido,
mas rodeado por novos muros, a cidadela, localmente designada por
Castelo. A vila foi integralmente abraçada pela fortificação, a
Praça. O tecido urbano foi sujeito a uma regularização de tendência
ortogonal, ainda hoje bem marcada, própria da engenharia militar da
época: ruas rectilíneas e amplas, formando ângulos rectos nos seus
cruzamentos.
As muralhas foram na sua maior
parte desmontadas após as guerras Peninsulares, restando hoje
apenas pequenos e dissimulados troços entre o casario e os seus
quintais. No entanto, uma parte do traçado está fossilizada no
cadastro urbano.
No interior destacam-se a Igreja
Matriz, com um belo altar de talha dourada na capela-mor, e a
capela da Misericórdia. São igualmente merecedores de interesse
alguns exemplares da arquitectura popular, que cruzam os modelos
construtivos da Beira Baixa, do Alto Alentejo e da Extremadura
espanhola.
No topo de uma alinhada rua que
parte da Misericórdia fica o largo da Praça, onde se situa a antiga
Casa da Câmara, uma vez que foi sede de concelho até 1855, e
defronte o pelourinho do século XVI.
Da porta do Adro, uma das duas da
fortaleza, nas proximidades da Igreja Matriz, partia a estrada para
Castelo Branco e Penamacor; um pouco mais abaixo, no sopé da
encosta, ao lado da estrada, nos campos da Devesa, encontra-se um
belo chafariz com um baixo-relevo das armas reais construído em
meados do século XVIII.
No lado contrário, partia do
Castelo um velho caminho para Espanha, que nas proximidades do rio
Erges era vigiado por uma imponente torre medieval, ainda
conservada, designada por Atalaia.
O rio Erges corre aqui em profunda
e rasgada garganta na dura massa granítica: é a linha de fronteira
que o abandonado castelo de Peñafiel, na outra margem e no topo de
um elevado penhasco, afrontando Salvaterra do Extremo, garante
carga simbólica.