Investigadores de todo o mundo no Geopark Naturtejo
Durante quatro dias o Geopark
Naturtejo, Geoparque Mundial da UNESCO, acolheu, na Escola Superior
de Gestão de Idanha-a-Nova, o maior evento científico internacional
dedicado à Icnologia, com cerca de 150 participantes de todo o
mundo, com 34 países representados. Esta reunião, pela primeira vez
em Portugal, e a segunda na Europa, é o mais importante evento
organizado nesta área científica da Paleontologia, organizado em
colaboração com a Associação Internacional de Icnologia e o Museu
Nacional de História Natural e da Ciência.
A recepção aos congressistas foi
feita com os artesanais Geolicores Acha Doce: Minério, Entranhas da
Terra e Ouro que apresentaram o território do Geopark e os seus
valores naturais e tradicionais, abrindo a porta para a discussão
dos mais recentes avanços sobre o registo do comportamento
biológico, com oradores convidados, comunicações orais e posters,
workshops apresentados por investigadores entre os quais
professores das mais diversas e prestigiadas universidades
internacionais, das áreas das Geociências e das Biociências, assim
como diversos especialistas de Institutos de Investigação e da
Indústria Petrolífera. Mesmo nas pausas dos trabalhos, os saborosos
biscoitos de trilobite, Daedalus e até pedaços de solo e o bolo
Cruziana da Geocakes deliciaram os congressistas.
A Associação Internacional de
Icnologia atribuiu oito prémios a estudantes, pelos trabalhos
submetidos ao congresso, no âmbito das suas teses de doutoramento e
homenageou icnólogos falecidos recentemente, entre os quais Adolf
Seilacher, responsável pela internacionalização da jazida de Penha
Garcia e decisivo na candidatura do Geopark Naturtejo à Rede Global
de Geoparques da UNESCO.
Na saída de campo ao Parque
Icnológico de Penha Garcia, os delegados puderam conhecer um dos
locais mais importantes da Icnologia portuguesa, reconhecido
mundialmente, tendo sido concebida uma edição especial de GeoVinho
Súbito "Cruziana de Penha Garcia, desde 1884", que deliciou os
participantes no jantar Icebreaker, juntamente com sons
tradicionais da Cidade Criativa da UNESCO, num programa cultural
que contou também com uma viagem histórica, num jantar medieval na
Feira Medieval de Monsanto e com um já habitual jogo de futebol
entre icnólogos no pavilhão gimnodesportivo na
Escola Básica e Secundária José Silvestre Ribeiro.
As excursões pré- e pós-congresso,
coordenadas por Carlos Neto de Carvalho e organizadas pela equipa
do Geopark Naturtejo em conjunto com professores portugueses e
espanhóis, percorreram todo o país, contando ainda com uma
abordagem transfronteiriça, com extensão a algumas localidades da
raia espanhola. Foi publicado um volume especial revista
Comunicações Geológicas: "Icnologia de Portugal e
Transfronteiriça", dedicado ao registo fóssil da evolução do
comportamento em Portugal, que reuniu os maiores especialistas
sobre o tema.
Este congresso contou com os apoios
da Naturtejo, empresa intermunicipal de turismo, dos municípios de
Idanha-a-Nova e de Oleiros, do Instituto Politécnico de Castelo
Branco, da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova, do Turismo
Centro de Portugal, da Associação Portuguesa de Geólogos, da
Scutvias, dos Cafés Delta, do Centro de Ciência Viva de Lagos e do
Centro de Interpretação Geológica de Canelas.
Segundo Carlos Neto de Carvalho,
presidente da comissão executiva do congresso internacional e
coordenador científico do Geopark, este evento veio afirmar a
relevância científica de jazidas icnológicas, como Penha Garcia e
Serra do Muradal, veio também aprofundar parcerias científicas e
institucionais, nacionais e internacionais e reforçar a necessidade
de dar continuidade ao estudo, protecção e valorização do
património geológico.