Estudo sobre o mundo rural dá prioridade ao povoamento
Apresentado no dia 13 de
dezembro, na Casa do Concelho de Idanha-a-Nova, em Lisboa, o estudo
'O Mundo Rural e o desenvolvimento económico e social de Portugal'
identifica quatro grandes mudanças necessárias ao desenvolvimento
do mundo rural: colocar o povoamento no centro das preocupações do
ordenamento do território; garantir uma efetiva e adequada
valorização dos recursos endógenos; afirmar o turismo em espaço
rural como uma nova oportunidade de desenvolvimento socioeconómico;
e redefinir a organização municipal e as finanças locais.
O estudo, com o lema 'Mundo Rural
Porque Sim', foi desenvolvido pelo economista e investigador
Augusto Mateus e sua equipa, por iniciativa da Câmara Municipal de
Idanha-a-Nova e da Federação Portuguesa de Turismo Rural em
colaboração com a Naturtejo, Empresa de Turismo, EIM, e a
Associação Nacional de Municípios Portugueses.
"Este estudo mostra que a
diversidade do país é uma oportunidade para criação de riqueza e
emprego, numa articulação entre o mundo rural e o urbano que
favoreça o desenvolvimento do país no seu todo", destacou Armindo
Jacinto, presidente da Câmara de Idanha-a-Nova.
Na apresentação do estudo, Augusto
Mateus defendeu "o primado do povoamento sobre o ordenamento",
realçando ainda a importância de serviços como "boas escolas,
creches e hospitais" para que o mundo rural possa fixar e atrair
pessoas e produzir riqueza. O economista lamenta que Portugal
esteja a desperdiçar as potencialidades de 2/3 do seu
território.
A sessão contou com a participação
de três membros do Governo de Portugal, que enalteceram o
contributo do estudo para a definição de políticas públicas: o
Ministro Adjunto, Pedro Siza Vieira, a Secretária de Estado do
Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, Célia Ramos, e
o Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural,
Miguel Freitas.
"Deste estudo resulta a ideia de
que o mundo rural tem especificidades que podem ser valorizadas no
modelo de desenvolvimento do país", sintetizou Pedro Siza Vieira. O
Ministro Adjunto destaca a necessidade de se avançar com a
remuneração dos serviços públicos ambientais do mundo rural.
Neste contexto, foi adiantado que o
Governo estará já a definir, em conjunto com algumas universidades,
a forma como o Estado poderá remunerar agricultores e produtores
florestais pelos serviços ambientais que prestam ao país.
Em síntese, o estudo "Mundo Rural
Porque Sim", identifica quatro alavancas da mudança para a
valorização do mundo rural:
- A primeira alavanca foca-se na
questão da identidade e recursos endógenos, com o objetivo de
povoar e atrair pessoas, criando mais riqueza para mercados e
procuras mais vastos a todos os níveis (local, regional, nacional,
ibérico, europeu e mundial);
- Em segundo lugar, uma alavanca
focada na inovação e produção, com o objetivo de criar riqueza e
atrair empresas e investimento, por via da
especialização/focalização das atividades para aumentar a
produtividade combinando bens e serviços em soluções desenvolvidas
por empresas mais eficientes e organizadas;
- A terceira alavanca mobiliza o
turismo, a cultura e o património, para valorizar uma
internacionalização com base na resposta às procuras de consumo
centradas na cultura e no património (consumo como plataforma
avançada);
- A quarta alavanca está centrada
na sustentabilidade ambiental, para explorar a valorização do mundo
rural no desenvolvimento do capital natural, nos novos serviços
públicos ambientais (onde devem ser pagos) e nos novos paradigmas
do desenvolvimento sustentável.